São inúmeras as motivações individuais para fazer Turismo de Aventura, Ecoturismo ou passeios por trilhas, cachoeiras praias, rios etc. Todos esses turistas têm em comum a ideia ou a sensação de que o contato direto com a Natureza é agradável e benéfico.
O que todos não têm em comum, o que não é encontrado em todos os indivíduos ou grupos que se dirigem a espaços naturais é a consciência dos riscos inerentes à Natureza e às atividades que se pode realizar lá; é a consciência ecológica, a necessidade de preservação do ecossistema original; a necessidade prioritária de manter-se individualmente ciente e atento às condições locais e seus riscos, principalmente quando em altitude ou em águas, o que implica tanto em seguir as sinalizações e regras quando existem, quanto cuidar-se evitando álcool, drogas ou atividades inconsequentes. Esses comportamentos arriscados são muito comuns, principalmente em praias, trilhas e cachoeiras.
Naturalmente encontramos pessoas conscientes dos riscos na Natureza, que procuram se informar e/ou contratar profissionais qualificados para seus passeios, mas a cada dia é mais frequente encontrarmos pessoas que, com atitudes inconsequentes, colocam a própria vida em risco. Arriscar-se tanto resulta de ignorância quanto a questões de segurança, quanto do cultivo da “Cultura de Risco” muito em voga hoje em dia. A busca da adrenalina, a vontade de ter uma experiência diferente do cotidiano, a crença nos benefícios quase míticos do contato com a Natureza "virgem" é, paradoxalmente, cada dia mais divulgada. Ter uma aventura singular para contar depois é uma mensagem subliminar a praticamente toda publicidade voltada para o Turismo na Natureza. Da adrenalina ao selfie pessoas pagam qualquer preço pela experiência.
E, por fim, riscos resultam também do vandalismo e irresponsabilidade.
A segurança na natureza depende tanto dos visitantes individualmente, quanto dos administradores de empreendimentos (turísticos e esportivos) e profissionais do setor. Afirmamos que em locais onde se cobra entrada para turistas, a segurança deve ser cobrada dos administradores ou gestores, é responsabilidade deles desenvolver projetos para evitar riscos evitáveis, para gerir métodos de segurança e socorro quando necessário, para fiscalizar sua propriedade (pública ou privada) e para planejamento de atividades educativas e esclarecedoras das condições para atividades seguras no local. Empresas de turismo são também responsáveis pela atuação de seus profissionais e pelos pacotes que oferecem. Guias autônomos, que atuam por conta própria são individualmente responsáveis por seus trabalhos.
Turismo de Aventura é atividade recente no Brasil, precisa de mais envolvimento governamental responsável, pois é um dos setores do Turismo com maior crescimento no país.
O Brasil é territorialmente imenso e com grande diversidade natural e cultural, reconhecidamente um dos países com maior potencial para o Turismo de Aventura e não poderá permanecer no amadorismo que ainda vigora em várias regiões.
Compartilhamos da opinião de que, paralelo a projetos de Gestão de Segurança no Turismo de Aventura, campanhas de conscientização de risco, específicas, voltadas para os riscos em locais que recebem grande contingente de pessoas, devem ser lançadas e mantidas.
Acreditamos que podemos desenvolver uma outra atitude frente ao desfrute da Natureza que em nada diminui o prazer das vivências, ao contrário o engrandece. Crianças, jovens, adultos, todos podem trocar a cultura do risco e do espetáculo pelas experiências individuais e significativas para toda vida.
ilustrações: under License CC0, menos a foto de Terezinha Souza
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