Um dos trekkings mais belos do Brasil fica no Parque Nacional da Chapada Diamantina, na Bahia - Natureza exuberante e magnífica
por Virgínia Miranda
Andar pelas montanhas não fazia parte de minha rotina de aventuras até que entrei no mundo das cachoeiras, e a partir de então elas me levaram a trilhas e peregrinações.
Conheci a bela Chapada Diamantina em 2000, ocasião em que visitei algumas de suas cachoeiras e subi o famoso Morro do Pai Inácio; mas até essa data, o Vale do Pati era para mim, desconhecido.
Rumo ao desconhecido
Após a criação do movimento por cachoeiras seguras conhecemos muitos destinos do turismo de aventura e o Vale entrou no roteiro. Conhecer e andar nele foi uma aventura linda e desafiadora. Primeiro pesquisamos em redes sociais e na Internet, contratamos a empresa Planeta EXO e fizemos um roteiro personalizado. Fomos apenas eu, meu marido e o guia Saulo, experiente no Vale e conhecedor de cada atrativo da região, assim como dos locais onde pernoitamos: as casas de nativos, uma ideia muita boa que vem sustentando moradores da região.
Vale do Pati
Andar pelo terreno pedregoso do Vale já é o primeiro obstáculo, e preparo físico é fundamental. O tempo chuvoso nos meses que antecederam nossa caminhada acrescentaram lama às trilhas que, além das dificuldades comuns, ficaram também escorregadias. Alguns escorregões e tombos foram inevitáveis. Cruzar os rios de águas amareladas, característica local, e encarar os aclives e declives nas montanhas foi a rotina dos 4 dias em que cruzamos o Pati.
As paradas para banhos e lanches preparados pelo nosso guia eram sempre prazerosas, momentos em que as pernas descansavam um pouco. As frutas e alimentos funcionais, e até um café preparado na hora por Saulo, eram um plus à parte que amei!
O mais impactante na trilha foi, digamos assim, o "conjunto da obra", a visão do vale em mirantes diversos. A grandiosidade das montanhas cortadas por vales e cachoeiras é inesquecível e compensam todo esforço físico.
Dormir nas hospedarias singelas que são as casas de moradores também marcam o passeio. A Igrejinha, a prefeitura e a casa de S. Jóia onde pernoitamos, são lugares simples, com pouco conforto, a água do banho é fria, mas a comidinha caseira feita em fogão de lenha com produtos locais preparados com carinho, são uma delícia. O jantar era um momento especial, pois chegávamos cansados e famintos. Comer junto com o guia e outros caminhantes era sempre um momento de troca e de relaxamento muito bom.
Preservação ambiental - carregue seu lixo
Outro detalhe do Vale é a preocupação com a preservação ambiental: todo lixo que produzimos no caminho e que não é orgânico, é levado em nossas mochilas até o final do passeio.
Não levar nada da natureza, além da lembrança, era a máxima seguida por todos.
Levar pouco peso nas costas e no coração, conviver com a simplicidade, se desapegando de confortos urbanos foi também um grande aprendizado.
E conviver com pessoas de um mundo que meu filho amava, não tem preço...
Mais uma experiência e mais vida em meus dias. O Vale do Pati é lindo.
Fui e amei!
P.S. a travessia do Vale do Pati deve ser feita com guia, são inúmeras trilhas e exige escolha com planejamento prévio e responsável.
Ilustrações: fotos de Virgínia Miranda, arquivo pessoal
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